2024
Escolas usam Inteligência Artificial, mas há desfaios de inclusão
A Inteligência Artificial (IA) vem sendo implementada em diversas atividades pedagógicas com alunos das melhores escolas do país, mas a acessibilidade à essa tecnologia ainda é um desafio se considerar-se a desigualdade social. Diversas empresas já desenvolveram soluções com IA para a educação, usando computadores conectados à internet. Para garantir que todos os alunos tenham acesso a elas, o Ministério da Educação desenvolve projetos, como a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas.
A inteligência artificial (IA) pode ser aliada na educação desde o ensino básico até o ensino médio. Diversas escolas já utilizam o recurso em atividades pedagógicas com os alunos — e têm obtido bons resultados. No entanto, o acesso à tecnologia a todas as escolas do Brasil ainda é um desafio se considerar a disparidade social.
Na escola Avenues, uma das mais caras do Brasil, a tecnologia vem sendo implementada em diversas atividades com os alunos. O ensino começa com os pequenos aprendendo os valores éticos ao utilizar essa tecnologia, já que os professores ensinam de forma lúdica que o material gerado por IA não deve ser adotado como criação intelectual própria, mas sim, do robô.
Os mais novos, quando questionados sobre o que é inteligência artificial dizem de forma simples que é "o Google ou a Alexa", como explicaram as professoras Diana Dias e Marcia Bardim, que ensinam os conceitos sobre a ferramenta.
Assim, cada turma desenvolve um projeto utilizando inteligência artificial, que vai desde a criação de animais imaginários até um projeto sobre aceitação sem filtros, visando estimular a autoconfiança dos adolescentes na era de "filtros da perfeição" das redes sociais.
Os projetos foram apresentados no evento IA Week; segundo o diretor de tecnologia da Avenues, Bryan Iversen, "há muitos avanços rápidos nessa área, e a escola está em uma fase de olhar critico em como pode ser utilizado no dia a dia com os alunos, e quais seriam os próximos passos".
Questionado sobre a oportunidade de democratizar esse método para outros estudantes, Iversen comenta que em setembro a Avenues promoverá um workshop para educadores — de escolas particulares e públicas — para compartilhar estratégias e técnicas utilizadas nas aulas, mostrando que muitos materiais são acessíveis.
Sobre o valor das mensalidades, a Avenues informa: "A escola não tem como descrição a mensalidade mais cara do Brasil e os valores cobrados variam dependendo da série e realidade do aluno. Temos bolsistas".
A Conexia Educação é uma empresa do Grupo SEB, responsável pelo desenvolvimento de soluções educacionais que são utilizadas em mais de 400 escolas no Brasil até o momento.
Marcos Kogici, diretor de tecnologia da empresa, comenta que a democratização do uso da inteligência artificial está revolucionando a maneira como interagimos com a tecnologia no nosso dia a dia.
"Acreditamos que a aplicação da IA deve estar diretamente vinculada à intencionalidade pedagógica. Essa integração tem o potencial de enriquecer o aprendizado dos alunos por meio de experiências personalizadas", disse ao Byte.
A Plataforma AZ, da Conexia, desenvolveu duas soluções de IA, como a AzelIA, que combina um modelo generativo de texto, o currículo pedagógico do AZ e os dados dos alunos para auxiliar e personalizar as rotinas de estudo, e a Hibus, que integra diferentes tecnologias para proporcionar uma experiência imersiva na jornada bilíngue dos alunos, explica Marcos Kogici.
"O uso mediado faz com que os alunos desenvolvam habilidades essenciais nesse novo mundo com IA, pois é fundamental encorajar os alunos a questionar e analisar o conteúdo gerado pela IA, promovendo o pensamento crítico, a capacidade de análise e resolução de problemas", acrescenta.
O uso de computadores ou smartphones conectados à internet já permite que as escolas tenham acesso a diversas tecnologias de inteligência artificial.
No entanto, para implementar soluções com IA, as escolas também precisam contar com servidores potentes, conexão de internet rápida, softwares especializados, e uma infraestrutura de rede robusta e segura.
"Além disso, são necessários dispositivos periféricos, ferramentas de segurança digital, equipamentos de áudio e vídeo, e espaços físicos bem equipados, como laboratórios de informática. Sistemas de gestão escolar que integrem funções administrativas e acadêmicas também são importantes", cita Reinier Freitas, líder da comunidade da Educação Inovadora da Amazônia (EduInovAM).
A EduInovAM reúne educadores em busca de boas práticas e soluções no ensino. Segundo Reinier, a motivação para criar a iniciativa foi a dificuldade em encontrar soluções inovadoras de instituições, projetos e eventos com foco na Amazônia. "A IA pode revolucionar a educação no Brasil ao personalizar o ensino, liberar os professores de tarefas administrativas e tornar o aprendizado mais acessível. No entanto, desafios como a desigualdade de acesso à tecnologia, questões de privacidade e segurança, e a necessidade de evitar a dependência excessiva da tecnologia precisam ser cuidadosamente gerenciados", disse Freitas.
A pesquisa TIC Educação 2022, divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) mostrou que 94% das escolas têm internet, no entanto, pouco mais da metade, 58%, têm equipamentos como computadores, notebook, desktop e tablet e conectividade à rede para uso dos alunos.
“Embora o acesso à internet venha apresentando um crescimento nos últimos anos, a conectividade ainda representa um dos maiores desafios à ampliação da inclusão digital por meio das escolas”, disse ao Byte Daniela Costa, Coordenadora do projeto TIC Educação.
O Ministério da Educação (MEC) reconhece que a disparidade social foi evidenciada no período pandêmico em termos de educação, de forma a prejudicar alunos de classes sociais mais baixas.
“É verdade que a tecnologia oferece acesso à educação a milhões de estudantes, mas pode excluir na mesma medida. Temos evidências de como o acesso aos dispositivos e ambientes virtuais foi crucial para sustentar as aprendizagens durante a pandemia do Covid-19 e como as crianças e jovens que não tiveram acesso foram prejudicadas”, afirmou a área técnica do MEC em entrevista ao Byte em janeiro deste ano.
"Infelizmente, muitas escolas no Brasil não têm acesso às soluções de inteligência artificial devido à falta de recursos financeiros, infraestrutura básica e suporte técnico. O custo inicial alto e a necessidade de treinamento contínuo para professores complicam ainda mais a situação, especialmente para as escolas públicas", disse.
Segundo o MEC, a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas visa direcionar e garantir a conectividade para fins pedagógicos em todas as escolas públicas de educação básica do país e o apoio à aquisição e melhoria dos dispositivos e equipamentos presentes nas escolas.
“A equidade social é multidimensional e a educação é uma das frentes de erradicação das injustiças sociais. E dentro do escopo da educação, as tecnologias digitais também são apenas uma das oportunidades para formação cidadã", disse a pasta.
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