2024
Webinário do Porvir traz recomendações para gestores sobre uso de celular na escola
O cenário envolvendo o uso de celulares no ambiente escolar ainda é bastante nebuloso. Se a gestão decidir bani-los, quais serão os impactos dessa medida? Para discutir esse tema, o Porvir promoveu na noite de ontem o webinário “Celular em sala de aula: A partir da proibição, quais são os desafios?”
Os desafios são muitos. Daniela Costa, educadora com experiência na educação infantil e ensino fundamental, desenvolvimento de materiais didáticos e cursos para professores. Foi consultora da UNESCO Brasil e atualmente coordena o projeto TIC Educação do Cetic.br, relembrou que o uso de celulares, em alguns locais do país, se dá devido à falta de tablets ou computadores. Nesses casos, os telefones servem como dispositivos pedagógicos.
Ela também lembrou dados da TIC Educação 2022: As escolas que não tinham computadores, 55% usavam o smartphone em atividades pedagógicas. Nos casos de escolas em áreas rurais, por exemplo, 14% dos docentes também realizavam atividades utilizando os aparelhos. A especialista ressaltou que é necessária uma reflexão, pois há prós e contras que não podem ser ignorados.
Daniela também apontou que o uso eficaz de celulares depende muito de projetos estruturados, com foco na aprendizagem e na participação ativa dos alunos na escolha de ferramentas.
Um exemplo prático
Letícia Lyle, diretora da Camino School e conselheira do Porvir, compartilhou que na escola onde atua os celulares já são proibidos. Desde o retorno às atividades presenciais, após a pandemia de COVID-19, os estudantes deixam os smartphones na entrada.
“Entendemos que um dos maiores fatores que precisávamos trabalhar era a socialização, como eles interagiam entre eles depois da pandemia”, afirmou. Ela pontuou que a proposta, para aquele momento, foi de uma interação mediada.
Mesmo após esse período de retorno ao presencial, a educadora acredita que os celulares não devem fazer parte do cotidiano dos estudantes. Como comparação, ela apontou que oferecer celulares para crianças é o mesmo que entregar cigarros ou álcool. “Eles ficam viciados (…) Dentro da escola, precisamos pensar no que é benéfico em termos de sociabilidade e o que devemos preservar”, afirma a diretora.
Ela levantou a reflexão de que os níveis de ansiedade dos estudantes aumentam devido ao uso excessivo de redes sociais e celulares. Além da escola, é importante que a família contribua com essa realidade, estendendo as práticas educativas da escola para o lar.
Nessa linha, Luís Laurelli, do isaac, plataforma de soluções financeiras feita para escolas, destacou a importância de estabelecer um diálogo claro e aberto com as famílias. Ele argumenta que a escola deve ir além da proibição, promovendo o uso crítico e ético das tecnologias digitais, preparando os alunos para serem cidadãos conscientes na era digital.
“A proibição, na minha opinião, não educa. Sei que as pessoas estão muito preocupadas e tentando fazer o melhor e encontrar a melhor solução, mas não é educativo”
Luís Laurelli, isaac educação